António Fragoso

«[…] António Fragoso tinha a envergadura necessária para se tornar o maior compositor português de todos os tempos.  Era um músico intelectual. A sua vincada personalidade impunha-o tanto à nossa admiração, como o seu génio de compositor... e morrer aos vinte e um anos é quase não ter vivido.»
(Pedro de Freitas Branco, maestro)


António Fragoso
Filho de Viriato de Sá Fragoso e de Maria Isabel de Sá Lima Fragoso, António de Lima Fragoso nasceu em 17 de Junho de 1897, na Pocariça, Concelho de Cantanhede, onde viria depois a falecer, a 13 de Outubro de 1918, vitimado pela gripe pneumónica que nessa época se fez sentir por toda a Europa.
A sua vocação precoce para a música foi evidenciada logo aos seis anos, quando começou a aprender a ler pautas e a tocar piano com António das Santos Tovim, seu tio, figura com vasta cultura musical que teve uma influência marcante nesses primeiros anos da sua formação musical.
Entre 1907 e 1914, António Fragoso concluiu, no Porto, o Curso Geral dos Liceus e os dois primeiros anos do Curso Superior de Comércio, sem nunca ter deixado de aprofundar os seus estudos de piano, agora sob a orientação do grande mestre portuense, o professor Ernesto Maia. Aos 16 anos, publicou e deu a primeira audição da sua primeira composição – Toadas da Minha Aldeia –, muito aplaudida pela crítica musical.
É referido, em algumas notas biográficas, que teve de vencer uma certa resistência dos pais para se matricular no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, instituição que viria a frequentar até 1918, ano em que obteve o diploma do Curso Superior de Piano com a nota máxima, 20 valores.
A partir daí, iniciou um percurso artístico amplamente reconhecido nos círculos culturais do país, não apenas como exímio pianista, mas também como compositor, ao ponto de ser considerado pelos críticos da época como «um dos mais poderosos talentos da sua geração». João de Freitas Branco refere mesmo que entre as suas peças «se encontram páginas surpreendentes num compositor com menos de 21 anos».
António Fragoso ao piano
Do conjunto da sua obra, os musicólogos destacam, geralmente, os “Prelúdios para Piano”, as “Danças Portuguesas” os lieder para Canto, as partituras de Música de Câmara e o “Nocturno in B maior”, considerada a peça mais emblemática do seu imenso talento como compositor. Estava previsto que, oito dias depois da sua morte, iria para Paris aprofundar os seus estudos com o Mestre Vincent D’Indy, também professor de Ravel, Debussy, entre outros.
Recentemente, os herdeiros de António Fragoso descobriram, ainda não editadas, cerca de uma dezena de peças por eles compostas – as “Inéditas” –, bem como, e no âmbito do Colóquio Internacional ‘António Fragoso e o seu Tempo’ levado a efeito pelo CESEM (Centro de Estudos Sociais e de Estética Musical), da Universidade Nova de Lisboa, se redescobriu um “novo” António Fragoso, excelente pianista, talentoso compositor e grande escritor – faceta até agora desconhecida e que a Associação António Fragoso, dentro do seu ambicioso programa, pretende tornar conhecida do público em breve, aquando do lançamento da sua biografia revista e mais completa.
Além desta biografia, prevê-se que, também em breve, sejam lançados dois livros inéditos: "Correspondência" e "Cartas a Maria".

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